Modelos de periodização de treinamento

Por, Diego Porto.

O papel central da periodização treinamento físico sem dúvida é o planejamento. Atletas bem-sucedidos montam estratégias para ter a melhor condição de desempenho possível no dia da prova. Mas como funciona esse planejamento?

Para contextualizar, lembramos que essa ideia de programação e organização dos treinos vem desde a época da Grécia antiga, não só desenvolvida para fins militares como para melhorar o rendimento dos atletas olímpicos.

Neste período, surgem:  o ciclo de três dias de treino para um de repouso (TETRAS); o aquecimento e volta à calma; a utilização de cargas para melhoria do rendimento; e até dietas e preparação psicológica.

Entretanto, é a partir da Olimpíada de Berlim (1936), começam a aparecer modelos de treinamento mais estruturados, focados na melhoria de desempenho. Assim, surge o método intervalado. É o começo da criação de ciclos de treinamento e o aparecimento da fisiologia do esforço.

A periodização é a divisão do treinamento em partes. Nessa estratégia, cada unidade de preparação tem seus objetivos e particularidades, pensados de forma mais específica e com visão para a aquisição, manutenção, transição ou perda de uma determinada condição esportiva ao final de cada parte.

Nos dias atuais podemos dizer que dois modelos de periodização se destacam: o modelo tradicional ou clássico, de Matveev, criado na década de 50, e o modelo em blocos, de Verkhoshanski, criado na década de 80.

O modelo tradicional é baseado em três grandes fases: Preparatória, Competitiva e Transição, no qual esse último é um período voltado para recuperação.

Por essência, o modelo tradicional preconiza, ao longo de toda a periodização, o desenvolvimento de diversas capacidades esportivas como: força, resistência, agilidade e potência. O que muda em cada fase da periodização é a proporção de cada uma dessas capacidades esportivas oferecidas. Neste modelo, os atletas atingem o pico de performance somente uma vez na fase competitiva.

Uma crítica ao modelo é: como são oferecidos diversos conteúdos de treino de forma simultânea, isso pode gerar uma dificuldade de aquisição de algum conteúdo específico importante para o atleta. O treino fica menos monótono, mas pode ser insuficiente em termos de aperfeiçoamento e aprofundamento de alguma condição realmente importante para o desempenho.

Já o modelo em blocos também é baseado em três grandes pilares: Acumulação, Transformação e Realização, mas é baseado num conceito de programação, organização e controle da periodização diferente do tradicional.

O foco do modelo em blocos está no desenvolvimento contínuo das capacidades esportivas, com períodos especializados em desenvolver poucos conteúdos por bloco, mas com volume elevado. Dessa forma, esse volume é direcionado para poucos objetivos naquele bloco específico, desenvolvendo-o ao máximo.

Posteriormente, uma vez que aquele conteúdo já tenha sido adquirido, a carga dele é estabilizada ou reduzida. Em seguida, portanto, treina-se outra condição esportiva mais específica e/ou técnica da modalidade esportiva.

Contudo, será que uma condição esportiva treinada no bloco anterior não será perdida no bloco atual caso não continue sendo desenvolvida? Qual a proporção ideal de treino para, ao menos, fazer a manutenção dessa condição? É aí que a atuação dos treinadores e a avaliação em períodos específicos da temporada podem ser determinantes.

Uma vantagem do modelo em blocos é que o atleta tem a condição de ter vários picos de performance ao longo da temporada, o que é mais adequado para a realidade esportiva atual, tanto para atletas recreativos, amadores ou profissionais que fazem várias provas por ano.

Mas, em síntese, podemos dizer que o modelo tradicional se preocupa mais com o PROCESSO de preparação, visando mais a condição física e esportiva. Já o modelo em blocos, atribui maior importância ao TREINAR PARA COMPETIR.

Nós do LPH, temos um programa de Fisiologia do Exercício e do Esporte com testes especializados e consultas com nosso time de fisiologistas que podem orientar treinadores e atletas a escolher a melhor estratégia a seguir na periodização e tomada de decisão do seu planejamento esportivo.

Portanto, defina seus objetivos e necessidades com seu treinador, escolha o melhor caminho, e não pare de se exercitar!